Cantarei enquanto me sobrarem versos
[gemidos - afoitos - molhados por lágrimas]
que eu solucei; murmurei; que vendi e paguei
para, então, trancafiá-los (calados) em meu pobre coração.
Quem sabe o que sinto e vê a chaga aberta?
Quem ouve o meu grito e me abre a janela?
Olhei-me no espelho e advinha o quê?
Mil faces, mil almas, solitárias em mim
Esse ardor que pulsa, me empurra e expurga
Toda essa angústia que me come
E consome de dor até os tendões.
Quem sente o meu pranto e me põe em seu regaço?
Fiquei com vontade de ouvir isso. Existem poemas que parecem não inspirar tanta diferença caso lidos em voz alta, mas os teus (esse e outros que li aqui) sugerem um apelo performático. O declamador imaginário que mora em minha cabeça acaba fazendo o serviço à maneira que ele mesmo interpreta teu discurso. Mas, coitado: ele ainda não conhece teu tom, Maíra.
ResponderExcluirBelíssimo texto.