Estava escrevendo um post quando li este no blog de um amigo meu. Compartilho com vocês um trecho, crendo que poderá acrescentar algo em vocês como também o fez em mim.
"....eu sou um mero projeto de escritor, um narrador das minhas experiências de vida que vão se misturando com a bondade de Deus e o convívio com as pessoas.
A verdade do texto e sua visceralidade é que importavam. E então, todos estavam sub júdice desde de lá. Testei, observei, analisei, orei, caminhei e vivi. A medida que fui vivendo, as pessoas foram se confessando e mostrando tudo o que eu precisava ver.
Ah, como eu vejo que hoje, as palavras são o artifício mais simplório da comunicação. Fala-se demais, aliás, muito mais, com atitudes, omissões, olhares, escolhas, abraços e ligações, cartinhas ou empurrões, tudo em nós é linguagem.
Falamos com as roupas, com os olhos e com o coração. Falamos quando ouvimos ou quando nos recusamos a ouvir. Falamos quando incluímos, quando compartilhamos, falamos até quando calamos, sim, como grita o silêncio.
Então eu ouvi e li muitas pessoas nesse último ano e cheguei às minhas conclusões pessoais.
Enquanto um circo de falsas importâncias se constrói e alguns se voluntariam para estar no picadeiro do auto-egano, se entretendo com glórias inglórias, valentias covardes, gritos sem voz, lutas sem mote, conquistas de palha, a vida está acontecendo ali, na rua ao lado, onde a misericórdia acaba de construir uma casinha humilde e convidou para um café, seus amigos maltrapilhos.
Chegaram então a amizade, o carinho e o abraço, vinham de uma longa jornada a procura de estadia, mas não conseguiram lugar pois não podiam pagar o preço cobrado. Ao chegarem, se assustaram ao ver, reclinado numa velha cadeira de balanço, O amor. De poucas palavras, ele, um senhor de aparência doce, olhos cavos e abaciados, os olhou com simplicidade, bem no fundo dos olhos e disse sereno e cortante: Quem bom que vocês chegaram, entrem, tem lugar pra todos nós.
No outro canto da sala, alegres e serelepes, brincavam bondade, carinho e compreensão. Não sei qual era o nome do jogo, mas parece que era algum tipo quiz, onde ganhava, quem conseguia acertar o maior número de respostas sobre as necessidades do outro. Porém, 2 outros amigos estavam lá e que me intrigavam porque não tinham nome aparente. Um deles, ficavam o tempo todo na cozinha, preparando deliciosos quitutes que nos matinham alimentados sempre, e o outro, permanecia na porta, dia e noite, em pé e nunca se cansava. Sempre que alguém passava pela rua, ele estendia as mãos. Carregava consigo um bolsa com vários apetrechos, óleos e outras coisas e ficava do lado de um poço que não dava pra ver o fundo.
Olhando pela janela, notei que as pessoas ao chegarem à porta da casa, traziam um olhar sofrido, mochilas pesadas e muitas feridas. E então, esse amigo desamarrava, não sem custo, a mochila das costas do viajante e jogava no poço. Então, sacava de sua bolsa alguns vidros de óleo que pingava nas feridas e imediatamente elas saravam. Era inusitado ver que o semblante das pessoas mudava na hora. E por fim, ele oferecia uma roupa novinha e bem cheirosa para aquela pessoa que era convidada a entrar. Uns aceitavam o convite, outros, lançavam mão de uma corda que estava ao lado do poço, pegavam sua mochila de volta, amarravam nas costas e seguiam, sem sequer agradecer.
Perguntei então à dona da casa quem eram esses amigos incansáveis, ao que ela então me disse: O que cozinha o tempo todo, se chama respeito. É ele quem mantém tudo isso funcionando. Sem ele, todos nós aqui, definharíamos de fome e até o amor, que de todos é o mais importante entre nós, não resistiria.
E o outro, que fica lá na porta? Perguntei eu. Ela então me disse: Seu nome é Perdão. Achei tão interessante o seu trabalho que me dispus a ir lá me apresentar e conhecê-lo, ao que ela me disse: Não, ele não gosta de conhecer ninguém, porque pra ele, não há distinção de pessoas. Assim, sempre que você precisar, poderá contar com a sua ajuda como se fosse, a primeira vez."
(Éric Jóia - http://ericjoia.blogspot.com)