Desce o sol no horizonte, mais um dia.
Nada muda nem se move, que agonia.
Quê que tem? Sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.
O mormaço da rotina se apega em minhas entranhas;
triturando, acomodando, cortando asas da imaginação;
me tolhendo, conformando, transformando-me num igual.
É, sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.
Não me reconheço entre os rostos inexpressos da tele-guiada massa.
A maçante alienação do trabalho ordenado vulgariza meu saber.
Vou andando, amortecendo a esperança que um dia carreguei no peito.
Fazer o quê? Sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.
Na desvalorização dos humanos valores humanos se foi meu valor.
A massificação das almas de mim mesmo me apartou.
Mas afinal sou só mais um igual, um normal, um alguém, zé ninguém.
Minha escritora, a quem tanto gosto de ler! Nunca me identifiquei tanto com poemas!
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