sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Escolhe, pois.

Me entristece cada vez mais pensar que talvez a Igreja do Senhor não esteja percebendo os verdadeiros sinais dos tempos que Deus tem nos enviado! E se Ele estiver agora mesmo nos dizendo algo do tipo: "Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas"? (Dt 30.19)

O nosso grande problema, em minha opinião, resulta de dois tipos de pensamentos que, embora opostos, são ambos contrários a vontade de Deus. Um é o pensamento da igreja que se secularizou, se estabeleceu nesse mundo e dele não quer mais sair. Essa igreja, alimentada ora pela religião, ora pelo mundanismo, negocia seus princípios e valores para se "adaptar" a essa vida como ela é. Essa é a igreja que se gasta e desgasta correndo "atrás do vento", isto é, de dinheiro, de status, de prazes e satisfações para a alma e para o corpo. Quer  tanto usufruir o melhor da terra que relega o Reino e Sua justiça a um segundo plano, não compreende o que significa nosso não pertencimento a este mundo, enfim, concebe igreja como um clube social, uma organização religiosa, uma instiuição política, um espaço físico etc.

A outra igreja é aquela que espiritualiza tudo, espiritualiza tanto que se aliena da realidade. Essa igreja não se envolve com a sociedade (portanto também não a impacta), não se importa com nada além daquilo que seu misticismo lhe permite enxergar. Está tão preocupada em vencer as batalhas espirituais que não luta mais contra a injustiça, nem em favor dos desfavorecidos, nem em prol dos corações endurecidos. É capaz até de esquecer um dos maiores fundamentos ensinados por Cristo que é o amor ao próximo. Sua atitude me faz recordar a passagem: "As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne." (Cl 2.23). Sob toda sorte de pretextos e desculpas, se esconde em suas zonas de conforto, sejam os quartos tracandos da "intimidade com Deus", ou os templos vazios da "sepação com o mundo".

Essas duas igrejas distorcem as Escrituras para justificar sua indiferença, falta de amor e egoísmo. O resultado: envergonham o nome de Cristo e Seu Evangelho.

A essa altura você pode estar se perguntando aonde eu quero chegar. E eu diria que, na verdade, tudo isso se trata da minha frustração perante um sonho. Acredito eu, sonho compatilhado pelo Pai, o da igreja que eu gostaria de ver em cada um de nós, a começar em mim. Uma igreja apaixonada pelo Senhor sim, mas que expressa seu amor em forma de atos de justiça. Que por ter sua vontade alinhada com a de Deus não se cala, mas proclama a Verdade, sobretudo com atitudes de amor; não se isola, mas invade o mundo para nele manifestar a Cristo; não busca seus interesses em primeiro lugar; não se conforma com a iniquidade, mas luta para transformar as coisas, começando pelo próprio entendimento. Uma igreja livre: livre da religiosidade, livre da vaidade, livre do orgulho e da hipocrisia. Uma igreja que coloque os valores de Cristo como prioridade, que compreenda seu papel integral na sociedade, que não faça distinção entre o que é espiritual e o que não é espiritual, mas que tenha um procedimento reto e que honre a Deus em todas as esferas da vida. Uma igreja que não se envergonhe de ser chamada pelo nome do Senhor e que o Senhor não se envergonhe de chamar Sua. Sonho com uma igreja que transborda em amor, um amor prático, ativo, vivo, que cresce e se multiplica expandindo o Reino nos corações. Um amor que alimenta o faminto, que veste o nu, que abriga o desabrigado, que abraça o solitário, que não discrimina, que não se limita, que não mente, que não promete e não cumpre. Sonho com uma igreja em que o diferente não seja visto como uma ameaça, mas uma manifestação da multiforme sabedoria de Deus; uma igreja capaz de estabelecer realacionamentos profundos e verdadeiros; que não coloca coisas, idéias ou razões acima das pessoas.

As minhas questões hoje são (e convido você a se perguntar também): e se cada dia for uma oportunidade que Deus me dá para tomar uma decisão? E se hoje for o dia em que meu posicionamento, ou a ausência dele, vai resultar naquilo que colherei para o resto da vida? E se aquilo para que eu prefiro fechar os olhos, que prefiro calar, que faço ou não faço em meu dia-a-dia estiver realmente determinando que tipo de pessoa/igreja eu sou e serei? E se a minha escolha for capaz de interferir no destino de milhões de pessoas, não apenas neste mundo, mas na eternidade? E se as coisas não são tão cinzas e relativas quanto eu gostaria? E se Deus realmente estiver propondo a vida e a morte, a bênção e a maldição, qual será a resposta que estou Lhe dando?

3 comentários:

  1. Acho que temos que abrir nossos olhos e vermos quem somos, antes de vermos quem os outros são.

    Muito legal o seu post Maíra. temos que ter crescer e sair de nossas capsulas confortáveis e iluminar esse mundo com a Luz que Cristo já nós deu.

    bate muito com o que eu penso.

    paz. e grande abraço.

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  2. Martin Luther King Jr., o maior exemplo de cristão protestante de que o texto trata. Mesmo arriscando sua vida, morreu pela causa dos excluídos pela segregação, pregando o Evangelho.

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  3. Olá...

    Como sempre vc com sua sensibilidade bastante pertinente vindo com reflexões que sempre dão a seus leitores uma chaqualhada daquelas...

    Certamente seus questionamentos já é algo a qual já venho pensando à tempos.

    Devemos fazer nossa parte, Deus não lida com "massas", mas com indivíduos. E o agora é o momento de viver a vida em Deus!

    Grande abraço minha amiga!

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