segunda-feira, 30 de agosto de 2010

De sábios e sabidões

Nesse mundo de meu Deus
Um pouco de tudo eu queria saber
Mas se um dia tiver todo esse poder
Ainda me resta escolher como usar

Há homens que pensam que sabem pensar
E há ainda os que buscam pra si um altar
Mas quando um humilde em sua alma cogita
Segredos da vida descobertos lhes são

Uma casinha onde paz possa ali cultivar
Com roçado e enxada pra poder trabalhar
 Muitas "vez" vale mais que papel de doutor
Se aquele que a habita hospeda o amor

domingo, 29 de agosto de 2010

Um texto visceral

 Estava escrevendo um post quando li este no blog de um amigo meu. Compartilho com vocês um trecho, crendo que poderá acrescentar algo em vocês como também o fez em mim.

"....eu sou um mero projeto de escritor, um narrador das minhas experiências de vida que vão se misturando com a bondade de Deus e o convívio com as pessoas.

A verdade do texto e sua visceralidade é que importavam. E então, todos estavam sub júdice desde de lá. Testei, observei, analisei, orei, caminhei e vivi. A medida que fui vivendo, as pessoas foram se confessando e mostrando tudo o que eu precisava ver.


Ah, como eu vejo que hoje, as palavras são o artifício mais simplório da comunicação. Fala-se demais, aliás, muito mais, com atitudes, omissões, olhares, escolhas, abraços e ligações, cartinhas ou empurrões, tudo em nós é linguagem.


Falamos com as roupas, com os olhos e com o coração. Falamos quando ouvimos ou quando nos recusamos a ouvir. Falamos quando incluímos, quando compartilhamos, falamos até quando calamos, sim, como grita o silêncio.


Então eu ouvi e li muitas pessoas nesse último ano e cheguei às minhas conclusões pessoais.
 

Enquanto um circo de falsas importâncias se constrói e alguns se voluntariam para estar no picadeiro do auto-egano, se entretendo com glórias inglórias, valentias covardes, gritos sem voz, lutas sem mote, conquistas de palha, a vida está acontecendo ali, na rua ao lado, onde a misericórdia acaba de construir uma casinha humilde e convidou para um café, seus amigos maltrapilhos.

Chegaram então a amizade, o carinho e o abraço, vinham de uma longa jornada a procura de estadia, mas não conseguiram lugar pois não podiam pagar o preço cobrado.
Ao chegarem, se assustaram ao ver, reclinado numa velha cadeira de balanço, O amor. De poucas palavras, ele, um senhor de aparência doce, olhos cavos e abaciados, os olhou com simplicidade, bem no fundo dos olhos e disse sereno e cortante: Quem bom que vocês chegaram, entrem, tem lugar pra todos nós.

No outro canto da sala, alegres e serelepes, brincavam bondade, carinho e compreensão. Não sei qual era o nome do jogo, mas parece que era algum tipo quiz, onde ganhava, quem conseguia acertar o maior número de respostas sobre as necessidades do outro.
Porém, 2 outros amigos estavam lá e que me intrigavam porque não tinham nome aparente. Um deles, ficavam o tempo todo na cozinha, preparando deliciosos quitutes que nos matinham alimentados sempre, e o outro, permanecia na porta, dia e noite, em pé e nunca se cansava. Sempre que alguém passava pela rua, ele estendia as mãos. Carregava consigo um bolsa com vários apetrechos, óleos e outras coisas e ficava do lado de um poço que não dava pra ver o fundo.

Olhando pela janela, notei que as pessoas ao chegarem à porta da casa, traziam um olhar sofrido, mochilas pesadas e muitas feridas. E então, esse amigo desamarrava, não sem custo, a mochila das costas do viajante e jogava no poço. Então, sacava de sua bolsa alguns vidros de óleo que pingava nas feridas e imediatamente elas saravam. Era inusitado ver que o semblante das pessoas mudava na hora. E por fim, ele oferecia uma roupa novinha e bem cheirosa para aquela pessoa que era convidada a entrar. Uns aceitavam o convite, outros, lançavam mão de uma corda que estava ao lado do poço, pegavam sua mochila de volta, amarravam nas costas e seguiam, sem sequer agradecer.

Perguntei então à dona da casa quem eram esses amigos incansáveis, ao que ela então me disse: O que cozinha o tempo todo, se chama respeito. É ele quem mantém tudo isso funcionando. Sem ele, todos nós aqui, definharíamos de fome e até o amor, que de todos é o mais importante entre nós, não resistiria.
 

E o outro, que fica lá na porta? Perguntei eu. Ela então me disse: Seu nome é Perdão. Achei tão interessante o seu trabalho que me dispus a ir lá me apresentar e conhecê-lo, ao que ela me disse: Não, ele não gosta de conhecer ninguém, porque pra ele, não há distinção de pessoas. Assim, sempre que você precisar, poderá contar com a sua ajuda como se fosse, a primeira vez."

(Éric Jóia - http://ericjoia.blogspot.com)

sábado, 28 de agosto de 2010

O que a gente quer mais?

Hoje estava almoçando com um sábio pajé de uma comunidade indígena e ele, em seu modo simples de se expressar, falou algumas coisas interessantíssimas. Tentarei reproduzir seu pensamento em minhas próprias palavras e a reflexão que ele causou em mim:

... sabe por que tudo o que é bom dura pouco?

Porque quando nós temos o que é bom, queremos mais, mais, mais e mais... de modo que passamos muito pouco tempo felizes com o que temos e muito tempo pensando naquilo que ainda desejamos ter.

Então, quando estamos tristes, nos momentos difíceis, paramos para pensar e nos damos conta do que tínhamos e essa sensação de que não aproveitamos devidamente as coisas boas que estavam em nossas mãos nos causam a impressão de que elas passaram rapidamente por nós, quando, de fato, nós é que passamos rapidamente por elas.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Apenas por Seu puro e precioso amor

Oh Deus, eu quero te amar de fato e de verdade
E te amando ter a Verdade a saltar dos meus olhos
Encham-se, pois, meus lábios de sábias palavras enquanto te contemplo
E seja meu coração sempre e mais carregado de esperança

Quero amar o órfão e estender a mão ao faminto
Expressar com atitudes mais do que discursos vazios
Doando toda minha vida com fé de tu colherás os frutos

Quero que ecoe de minhas entranhas o brado de liberdade
Liberdade de caminhar na luz da Tua justiça
De depender da misericórdia do Onipotente
E ainda desconhecendo os caminhos que para mim traçaste
Persegui-los com confiança e paixão

Sejas Tu exaltado e eu menor cada vez mais
Fluam Tuas águas do meu interior
Para saciar o sedento, revigorar o cansado e regar o árido
Permita-me apenas ser um modesto aqueduto
Por onde a Vida se move enquanto Teu Rio corre

sábado, 21 de agosto de 2010

Um estranho sou

Quem me compreende, amor?
Será estou sozinho falando às paredes?
Será que elas escutam e não podem responder?

Quem sabe essas paredes cruas, parcas de esperança
Convençam-me, enfim, que inútil é meu falar
Mas então, amor, que humilde sabiá a minh'alma cantará?

Em meu peito carrego inquieta vontade a pulsar
Essa ânsia de viver e viver em liberdade
Me perguntam, meu amor, quem eu penso que eu sou?

Apenas um estranho cuja alma não se saciou
Nessa estrada um andarilho que não teme o calejar dos pés
Um ser consciente, espírito vivente, que da vida procura o teor

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tic tac

Lá se vai o tempo...
Deslizando nas batidas do relógio
Corre dia, noite, dia... corre, corre

Pensamento...
Um momento de silêncio
Parar e refletir, mudar e prosseguir

O mal da vida:
Todo mau tem seu dia
Um alívio,
Todo dia chega ao fim

Posso correr, gritar, pular
Posso escrever, cantar, dançar
Quero mil coisas a um só tempo
Para não tropeçar faço uma cada vez
Quem sabe duas, talvez três

Escolhas e recomeços
Convicções e surpresas
Consolo e esperança
Tudo isso Deus me dá

domingo, 15 de agosto de 2010

Política, fé e muitas controvérsias



Hoje terminei de ler este fascinante livro.  Trata-se da trajetória de vida e política de Marina Silva. É comovente, mas também bastante franco. A jornalista que o escreveu tem constantemente a preocupação de não mistificar a senadora. Em alguns momentos é até engraçado como ela fica procurando detectar os "defeitos" de Marina. Entrevistando opositores e críticos, expõe suas opiniões de uma forma bem aberta, sem réplicas ou justificativas. Em minha opinião, apenas alguém que não teme a visão do outro poderia se permitir esse tipo de exposição. O livro não beatifíca Marina nem a exume de contradições, mas, sem dúvidas, nos inspira acerca do valor de uma vida marcada por integridade e muita persistência.



Do arco que empurra a flecha,
quero a força que a dispara;
da flecha que penetra o alvo
quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
quero o que o faz desejado;
do desejo que busca o alvo
quero o amor por razão.

Sendo assim não terei armas;
só assim não farei a guerras;
e assim fará sentido
meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha;
sou todo em metades;
sou as partes que se mesclam
nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro;
sou a flecha por segundo;
sou a flecha por primeiro;
sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
e terás o melhor de mim;
darei o melhor de mim
onde precisar o mundo.

Marina Silva

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sonhador

Bicho brabo, não domesticado
Desapegado à imagem
Não me importam vaidades
Eu sou mesmo um sonhador

Disposto não estou a viver estacionado
Quero mais que bons cuidados
Paz, justiça, equidade e o reinado do amor

Transformar a sociedade
Conviver em unidade
Proclamar toda a verdade
A razão de meu labor

Ao dividir o pão com o faminto
E estender as mãos ao oprimido
Vou deixar de olhar pro meu umbigo
Então, minha doce liberdade eu ei de gozar

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um igual

Desce o sol no horizonte, mais um dia.
Nada muda nem se move, que agonia.
Quê que tem? Sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.

O mormaço da rotina se apega em minhas entranhas;
triturando, acomodando, cortando asas da imaginação;
me tolhendo, conformando, transformando-me num igual.
É, sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.

Não me reconheço entre os rostos inexpressos da tele-guiada massa.
A maçante alienação do trabalho ordenado vulgariza meu saber.
Vou andando, amortecendo a esperança que um dia carreguei no peito.
Fazer o quê? Sou igual, sou normal, sou alguém, zé ninguém.

Na desvalorização dos humanos valores humanos se foi meu valor.
A massificação das almas de mim mesmo me apartou.
Mas afinal sou só mais um igual, um normal, um alguém, zé ninguém.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pingos nos 'i's

Livra-me, oh Deus, de ser estorvo a quem quer que seja
Livra-me de ser objeto de escárnio ao Teu nome
De ser vergonhoso meu testemunho perante os homens
De ser indiferente o meu viver para com aqueles que me cercam

Aborrecerei para sempre a injustiça humana
Sem me esquecer dAquele que dita os padrões
Colocarei os pingos nos 'i's enquanto me restarem argumentos
Mas não moverei um só til de Sua santa lei

Enfastia-me a soberba da sabedoria deste mundo
Com toda sua pomposa lógica e pedantismo vão
De forma alguma, porém, comerei à mesa dos ignorantes
Cheios de vaidade por nada saberem

Tolos são os que tem sem saber a quem agradecer
Tão tolos quanto os que se orgulham de nada ter
Seja eu pequena, mas saiba quem eu sou
Nem maior, nem menor... do tamanho do Amor

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Fonte

Fé.. tem-na contigo?
A coragem de crer no impossível
De andar no caminho difícil e correndo perigos, só obedecer?
Me responde, de onde procede, a fonte, a fonte da fé onde é...


Amor... traz-lo contigo?
A escolha de todos os dias olhar para os lados
E gastar-se em cuidados, cuidando de alguém que moeda de troca não tem?
Me responde, de onde procede, a fonte, a fonte do amor onde é...

Verdade... conhece-a bem?
Está perto ou longe, bem à vista ou se esconde
É possível saber se o real é real e despojando a incerteza, manter-se em pé?
Me responde, de onde procede, a fonte, da verdade a fonte onde é...

Bem sei eu! Alguém mais?
Te respondo de onde fica a fonte do amor, da verdade e da fé
Mas primeiro você me responde, se tu buscas a fonte, que espera encontrar?
A verdade não é para ser deturpada por meias verdades, soberbas razões
Confiança é preciso, pois a fé só te pede aquilo que te custa entregar
O amor não procura sentido, não calcula o risco, não demarca um valor

Eu te digo onde encontras a fonte...
Não procures além do horizonte
Mas eleva teus olhos aos montes
E Jesus, o Senhor, logo irás vislumbrar

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Qual é?

Antes de ontem minha mãe leu para mim um texto de um cara que, particularmente, eu não gosto muito. Ele adora fazer piadas a respeito da fé, não sendo exatamente o tipo de pessoa cuja opinião eu aprecio. No entanto, nessa sua crônica, ele dizia algo que eu concordo completamente: que todos se perguntam a respeito do sentido da vida, mas que nos colocamos essas questões "(...) covardemente, com  medo, e as sufocamos debaixo do trabalho, da caderneta de poupança,  da novela, da religião".

Isso tudo é verdade. O escritor a que me refiro, por sua vez, não soluciona a questão e, após evocar seus filósofos prediletos, acaba conformando-se com o fato de a vida não poder prover-lhe  resposta, dizendo que o que importa, no final, é o amor. E devo dizer, nesse último ponto, sinto-me obrigada a concordar com ele novamente.

A minha primeira questão é.. se um ateu consegue enxergar que o amor é superior a qualquer coisa... porque nós que fomos "arracandos do império das trevas para o Reino do Filho do Seu Amor"  (Cl 1:13) gastamos tanto tempo de nossas vidas correndo atrás de respostas e explicações que não nos levam a lugar nenhum (a não ser em divisão, contendas, inimizades, partidarismos, vaidades etc.)? Porque provocamos tantos debates e entramos em tantas discussões, por que somos tão experts em argumentar sobre questões teológicas, filosóficas, metafísicas, por que estamos tão interessados em estabelecer paradigmas (ou confrontá-los), por que lutamos tanto para definir o que é verdadeiro e o que não é... e quando se trata de simplesmente amar parecemos um bando de retardados mentais (com todo respeito aos retardados mentais) incapazes de fazer o que devia ser a mais simples expressão de nossa fé, reverência e devoção a Deus: "Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?" (Is 58:6-7).

Não estou falando que crente tem que ser ignorante, nem tapado. O que estou dizendo é que se nós não tivermos amor, todo conhecimento e sabedoria e inteligência e sagacidade e todo blá blá blá que nós adoramos cultivar entre nós (pois muito enobrecem nossa vaidade) serão como lixo. Pior, serão uma maldição pra nós! Serão uma enorme pedra de tropeço que farão com que nos distanciemos mais e mais do Senhor. "O conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica." (1Co 8:1); "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." (Tg 4.6).

Meu segundo ponto nos remete a questão incial... sobre qual é o sentido da vida.  Aquele do qual nos escondemos por traz da religião ou do ceticismo, na ignorância ou no intelectualismo, no rigor ascetico ou do hedonismo. Isso, certamente, eu poderia responder de várias maneiras, com diversos argumentos, citações, exemplos e tudo mais... mas seria muito fácil né?! Eu discordo do carinha quanto a não haver uma resposta. Eu me lembro que quando eu tinha 15 anos eu decidi que se a vida não tinha sentido seria melhor tirá-la... bem, ainda estou aqui! Você pode me dizer que o próprio amor é o sentido da vida. Eu não discordo.. mas eu te pergunto uma coisa: o que é o amor? De onde ele vem? O que o movimenta? Ops... são muitas perguntas.

Verdade.. minha intenção não é te ditar verdades nem respostas fáceis. As respostas não vieram fáceis pra mim, sempre houve um preço alto a ser pago por alguém. Por que eu te impediria de descobrir isso por si mesmo?! Só quero te dizer que ninguém pode fugir para sempre... e quanto mais cedo nos abrirmos com sinceridade para a possibilidade que nós não somos esses seres magnânimos e auto-suficientes que gostamos de nos pintar, mais rápido virão as respostas que buscamos... muitas das vezes elas esmagarão o nosso ego, mas e daí? Alguma hora você vai ter que escolher entre a mentira confortavel e a verdade incômoda. Que seja a Verdade que te conduz ao amor, que dá sentido a tua vida, que enriquece teu conhecimento e dá substância a tua sabedoria. Essa é a Verdade que eu busco e que tenho encontrado e você?!