domingo, 29 de agosto de 2010

Um texto visceral

 Estava escrevendo um post quando li este no blog de um amigo meu. Compartilho com vocês um trecho, crendo que poderá acrescentar algo em vocês como também o fez em mim.

"....eu sou um mero projeto de escritor, um narrador das minhas experiências de vida que vão se misturando com a bondade de Deus e o convívio com as pessoas.

A verdade do texto e sua visceralidade é que importavam. E então, todos estavam sub júdice desde de lá. Testei, observei, analisei, orei, caminhei e vivi. A medida que fui vivendo, as pessoas foram se confessando e mostrando tudo o que eu precisava ver.


Ah, como eu vejo que hoje, as palavras são o artifício mais simplório da comunicação. Fala-se demais, aliás, muito mais, com atitudes, omissões, olhares, escolhas, abraços e ligações, cartinhas ou empurrões, tudo em nós é linguagem.


Falamos com as roupas, com os olhos e com o coração. Falamos quando ouvimos ou quando nos recusamos a ouvir. Falamos quando incluímos, quando compartilhamos, falamos até quando calamos, sim, como grita o silêncio.


Então eu ouvi e li muitas pessoas nesse último ano e cheguei às minhas conclusões pessoais.
 

Enquanto um circo de falsas importâncias se constrói e alguns se voluntariam para estar no picadeiro do auto-egano, se entretendo com glórias inglórias, valentias covardes, gritos sem voz, lutas sem mote, conquistas de palha, a vida está acontecendo ali, na rua ao lado, onde a misericórdia acaba de construir uma casinha humilde e convidou para um café, seus amigos maltrapilhos.

Chegaram então a amizade, o carinho e o abraço, vinham de uma longa jornada a procura de estadia, mas não conseguiram lugar pois não podiam pagar o preço cobrado.
Ao chegarem, se assustaram ao ver, reclinado numa velha cadeira de balanço, O amor. De poucas palavras, ele, um senhor de aparência doce, olhos cavos e abaciados, os olhou com simplicidade, bem no fundo dos olhos e disse sereno e cortante: Quem bom que vocês chegaram, entrem, tem lugar pra todos nós.

No outro canto da sala, alegres e serelepes, brincavam bondade, carinho e compreensão. Não sei qual era o nome do jogo, mas parece que era algum tipo quiz, onde ganhava, quem conseguia acertar o maior número de respostas sobre as necessidades do outro.
Porém, 2 outros amigos estavam lá e que me intrigavam porque não tinham nome aparente. Um deles, ficavam o tempo todo na cozinha, preparando deliciosos quitutes que nos matinham alimentados sempre, e o outro, permanecia na porta, dia e noite, em pé e nunca se cansava. Sempre que alguém passava pela rua, ele estendia as mãos. Carregava consigo um bolsa com vários apetrechos, óleos e outras coisas e ficava do lado de um poço que não dava pra ver o fundo.

Olhando pela janela, notei que as pessoas ao chegarem à porta da casa, traziam um olhar sofrido, mochilas pesadas e muitas feridas. E então, esse amigo desamarrava, não sem custo, a mochila das costas do viajante e jogava no poço. Então, sacava de sua bolsa alguns vidros de óleo que pingava nas feridas e imediatamente elas saravam. Era inusitado ver que o semblante das pessoas mudava na hora. E por fim, ele oferecia uma roupa novinha e bem cheirosa para aquela pessoa que era convidada a entrar. Uns aceitavam o convite, outros, lançavam mão de uma corda que estava ao lado do poço, pegavam sua mochila de volta, amarravam nas costas e seguiam, sem sequer agradecer.

Perguntei então à dona da casa quem eram esses amigos incansáveis, ao que ela então me disse: O que cozinha o tempo todo, se chama respeito. É ele quem mantém tudo isso funcionando. Sem ele, todos nós aqui, definharíamos de fome e até o amor, que de todos é o mais importante entre nós, não resistiria.
 

E o outro, que fica lá na porta? Perguntei eu. Ela então me disse: Seu nome é Perdão. Achei tão interessante o seu trabalho que me dispus a ir lá me apresentar e conhecê-lo, ao que ela me disse: Não, ele não gosta de conhecer ninguém, porque pra ele, não há distinção de pessoas. Assim, sempre que você precisar, poderá contar com a sua ajuda como se fosse, a primeira vez."

(Éric Jóia - http://ericjoia.blogspot.com)

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